quinta-feira, 25 de abril de 2013

Qual o seu time do coração?

Depois de muito tempo, "O Que deu Errado FC" está de volta com uma abordagem diferente! Espero que gostem!





Capa do livro "Meu pequeno rubro-negro" de Gabriel o Pensador

Amor ao clube, paixão, fanatismo. Essas são palavras que fazem parte da vida do torcedor de futebol. Mas o que leva alguém a torcer por algum time? Se você acha que essa é uma escolha livre e pessoal, está na hora de rever seus conceitos.

A mídia bombardeia diariamente a todos de acordo com seus próprios interesses. Não pense que isso é uma teoria da conspiração, mas transmitir ou deixar de transmitir algo é uma linha editorial da empresa, uma escolha. No Brasil, a TV é o maior comunicador das casas. Inúmeras famílias utilizam a televisão como educador para os filhos, como meio de transmitir e formar opiniões.

Falando especificamente sobre o futebol, um fator muito importante que cerceia as escolhas esportivas no Brasil é a transmissão televisiva. Flamengo e Corinthians, as duas maiores torcidas do país, são os clubes com mais jogos transmitidos pela maior rede de TV do Brasil. Rede essa que durante muito tempo foi a única opção de canal em muitas localidades do país. Rede essa que “forma” a opinião de muitos. Coincidência?

Além disso, não podemos esquecer que o futebol é o maior alienador da nossa sociedade. É um forte instrumento utilizado para desviar as atenções de momentos políticos importantes e também para “aliviar” o sofrimento do brasileiro. Pois não há problema nenhum em viver uma vida repleta de deficiências e necessidades quando se tem o futebol mais respeitado do mundo. Falando dessa forma parece grave, não? Mas é o que acontece. E olha que o nosso futebol nem é mais o número um do mundo.

Os estados estão perdendo sua identidade, já que no Nordeste é mais fácil de encontrar um torcedor do Corinthians do que um torcedor do Vitória ou do Sport. Essa “sudestização” do futebol não permite que os outros times se desenvolvam e consigam entrar no cenário de “grandes clubes”.

Você sabia que os únicos cinco estados da federação em que os times locais são preferência são RJ, SP, RS, MG e PE? Porém, os estados de Minas Gerais e Pernambuco em breve terão mais torcedores de times do eixo Rio-São Paulo. Em MG, por exemplo, a maioria das pessoas da região de Juiz de Fora torce por times cariocas. Já no sul de Minas, a preferência é por clubes paulistas.



Hoje, qual o assunto mais falado no futebol brasileiro? Neymar, claro. O menino é mesmo um craque de bola, faz coisas que há muito eu não via no nosso país (ok, exceto na seleção). E ele vende. E vende muito. Tanto que os jogos do Santos passaram a ser mais transmitidos. Com todo esse burburinho sobre o time da Vila, a nova geração de torcedores é, em sua maioria, santista. Há sempre interesses atrás de tudo no mundo do futebol e da mídia, que por sinal, andam juntos. Ou despontar um novo craque. Ou formar um novo ídolo. Ou fortalecer a imagem de um clube.

Mas como escolher o time do coração? Isso é uma escolha racional? Deveria ser. Uma escolha de identificação. Escolher o time com o qual eu mais me identifico. Mas isso não é uma tarefa fácil no mundo em que vivemos. Tudo o que nos rodeia tem um porquê, tem um interesse. E aqui temos a obrigação de ter um time desde crianças, não podemos ser “vira folha” (ou “vira casaca”, dependendo do estado).
A mídia é um cerco muito grande na nossa vida. O futebol, um meio de entretenimento, de diversão, uma forma de ficar feliz, se distrair, na verdade não tem nada de inofensivo. O futebol e a mídia andam juntos, lado a lado, eu diria de mãos dadas. O “esporte bretão” pode sim ser uma diversão imensa nas nossas vidas, basta tentarmos fazer as nossas próprias escolhas.

*Neste texto eu poderia falar sobre a criação de ídolos altamente vendáveis, sobre a identificação cultural das torcidas e sobre o faturamento dos clubes, mas esses assuntos ficarão para próximos posts! 


Foto extraída do blog de Tomaz Azevedo